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terça-feira, 1 de outubro de 2013

beleza sublime e grotesca cravadas na pedra

David (Michelangelo) e David (Bernini)

Essas duas esculturas de David, nas concepções de Michelangelo e Bernini, deixam claras duas marcas do Renascimento e do Barroco: respectivamente o sublime e o grotesco. 

Apesar de Michelangelo, na pintura do "O Juízo Final", apresentar uma tempestade maneirista, o seu David nos mostra toda a paz sublime renascentista. A figura está totalmente relaxa, nenhuma tensão aflora dessa figura de quase 6 metros de altura. 

Já o David, de Bernini, está com a musculatura completamente contorcida, o rosto contraído e o eixo de equilíbrio da peça muda de acordo com o ângulo de visão do observador.

Toda essa tensão na peça de Bernini é uma subversão do sublime renascentista, em que as personagens elevadas não são afligidas pelas marcas das expressões mundanas. Somente as personagens grotescas e mundanas poderiam apresentar expressões sem serenidade.

Esse padrão de uso do sublime e do grotesco é utilizado até hoje. Veja, por exemplo, as novelas mexicanas, quando a mocinha (personagem elevada) chora, seu pranto é silencioso, seu rosto não se contrai, apenas uma lágrima serena desce calmamente sobre sua face. Já a vilã (personagem grotesca) chora gritando e contorcendo todos os músculos de sua face.

O que Bernini faz com seu David, é  fundir sublime e grotesco, nos oferecendo um herói de grande beleza mas assolado por marcas mundanas. 

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