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terça-feira, 19 de junho de 2012

Rirkrit Tiravanija: food for thought

Rirkrit Tiravanija (1961 -  )

Rirkrit Tiravanija, artista de origem tailandesa, nascido na Argentina e criado entre Tailândia, Etiópia e Canadá. Sua obra dá continuidade ao projeto da união arte e vida iniciado por Marcel Duchamp e Kurt Schwitters. Nela, impera a precariedade dos materiais ou, segundo Bourriaud, o uso de materiais mendigos.


Diante de uma obra que consiste essencialmente no consumo de um prato, e por meio da qual os visitantes, tal como o artista, são levados a executar gestos cotidianos, Tiravanija nos lembra da nossa própria vida em sociedade.




Apesar de Tiravanija preparar e servir comidas em algumas de suas obras, vemos que a arte não reside no prato, o que poderia ocorrer se fosse um trabalho de gastronomia propriamente dito. A arte tampouco reside na preparação da comida, mas sim na interação entre as pessoas que tiveram a sorte de participar de uma destas ações. Na atividade humana de produzir e consumir e a partir deste consumo, produzir novos significados. 




Tiravanija é um artista que inventa novos vínculos entre as atividades artísticas e as atividades cotidianas (ouvir música, comer, descansar, conversar). Ele cria espaços de sociabilização precários, nada duradouros, mas eficazes porque irão privilegiar o contato humano e ao mesmo tempo expor as noções de comunidade e do efêmero.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

joan mitchell: violência e lirismo

(1925-1992)

"My paintings are titled after they are finished. I paint from remembered landscapes that I carry with me - and remembered feelings of them, which of course become transformed. I could certainly never mirror nature. I would more like to paint what it leaves with me." 

Joan Mitchell considerava-se a última pintora expressionista abstrata americana. Sua obra é marcada pelo ritmo composicional, pela gestualidade das pinceladas e pelo uso de cores vivas e impactantes. 


Inspirada nas paisagens naturais e na poesia, sua intenção não era produzir imagens reconhecíveis, mas que pudessem expressar emoção.


Em geral, a crítica descreve seu trabalho como violento e, ao mesmo tempo, lírico.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

yayoi kusama: love forever



“Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originária das alucinações que posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormentam em esculturas e pinturas.”

A artista japonesa, Yayoi Kusama, nasceu em março de 1929 e, ainda hoje, aos 83 anos, trabalha ativamente. Segundo Yayoi, desde a infância ela sofre de alucinações. Sua mãe era uma mulher de negócios e jamais aceitou a veia artística da filha, chegando a agredi-la fisicamente diversas vezes por causa disso. Numa espécie de fuga, ela passou a expressar, usando guache, aquarela e tinta a óleo, as bolinhas ou pontos do infinito, conforme a denominação da artista.


Aos 27 anos, Yayoi vai para os Estados Unidos, onde trabalha com grandes nomes da Arte Moderna e Contemporânea como Andy Warhol, Joseph Cornell e Donald Judd. A artista realiza diversos happenings, denominados love forever, contra a guerra do Vietnã.


Em 1973, devido ao agravamento de seu transtorno obsessivo, retorna ao Japão. Lá, interna-se em um hospital psiquiátrico onde vive até hoje, por vontade própria, apesar de usar seu apartamento, há poucos minutos do hospital, como ateliê.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? ou um quadro não é um livro

Paul Gauguin, “D’où venons-nous ? Qui sommes-nous ? Où allons-nous?” (1897)

Paul Gauguin foi um tradutor. O pintor, como Nicholas Bourriaud observa, não explora o território polinésio como um etnólogo, ele o traduz. O monumental “De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?”, de quase quatro metros de comprimento, por exemplo, trata pictoricamente do encontro do artista com o contexto cultural no qual se instala. Gauguin não introduz motivos autóctones na pintura ocidental, mas rompe com ela ignorando a linearidade temporal dominante no sistema pictórico ocidental. De acordo com uma convenção, pelo menos até o século XX, um quadro deveria ser lido como se lê um texto, o passado figurando à esquerda, e o futuro, à direita. Gauguin destrói as regras da composição clássica situando o recém-nascido à direita do quadro, uma mulher idosa embaixo, à esquerda, e, no centro, no primeiro plano, a imagem de um adorador. “De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?” revela um universo sem origem ou fim determinados. É, ao mesmo tempo, um manifesto anticristão e antiescatológico, emanado pela ideia da harmonia natural e da circularidade do tempo.