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sábado, 28 de abril de 2012

leda catunda: pinturas moles


            Leda Catunda é artista plástica, escultora, artista gráfica e professora, considerada um dos maiores talentos da “geração 80” da pintura brasileira, ao lado de Leonilson, Sérgio Romagnolo e Luiz Zerbini, entre outros.

            Leda explora as propriedades dos materiais que utiliza e os desenhos e estampas neles preexistentes em busca do que denomina “poética da maciez”.



              Suas pinturas moles são feitas a partir de procedimentos próximos aos da colagem: tecidos ricos em texturas e de cores intensas são sobrepostos, entrelaçados, recortados e pintados. O resultado é uma superfície volumosa e estufada, que extrapola o plano pictórico.





domingo, 22 de abril de 2012

superflat

Flower superflat - Takashi Murakami

            Superflat é um movimento da arte contemporânea japonesa, fundado pelo artista Takashi Murakami. O termo é usado em referência às várias formas planas da arte gráfica japonesa, animações, cultura pop e outras artes da cultura japonesa. Segundo Murakami, o termo também se refere ao “vazio da cultura consumista japonesa”.
            Entre os artistas japoneses cujo trabalho é considerado superflat,  minha preferida é Chiho Aoshima. Influenciada por Murakami, Aoshima criou seu próprio “mundo flutuante superflat” que incorpora temas tradicionais japoneses, visões futurísticas com cidades personificadas e vida alienígena. Aoshima é conhecida por suas imagens gigantescas e pelo uso de ferramentas digitais.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

georgia o'keeffe: the universe through the portal of bone


Por mais de sete décadas, Georgia O'keeffe (1887-1986) permaneceu como  uma das mais influentes artistas americanas. Durante toda a vida, O'keeffe se manteve fiel a uma única tendência: encontrar formas abstratas essenciais baseadas na observação da natureza.




Em 1916, os desenhos da artista chamaram a atenção do fotográfo e galerista Alfred Stieglitz. Com o apoio financeiro de Stieglitz, O'keeffe tornou-se uma artista profissional. Entre 1918 e 1946, Stieglitz organizou inúmeras exposições individuais e coletivas da artista. Eles se casaram em 1924 e, durante vinte anos, Stieglitz registrou a vida pessoal e profissional de O'keeffe.


Jean Toomer descreve a obra de Georgia O'keeffe como "o universo através do portal de osso".




segunda-feira, 16 de abril de 2012

eva hesse: serial art ou arte mata 2

Eva Hesse (1936-1970)


"Arte e trabalho e arte e vida são muito conectadas e minha vida inteira foi absurda" 

"Não há uma coisa em minha vida que não aconteceu ao extremo - saúde pessoal, situações familiares, econômicas... absurdidade é a palavra chave... Tem a ver com contradições e oposições. Nas formas que eu uso em meu trabalho as contradições estão certamente lá. Eu sempre estava atenta que deveria levar ordem contra caos, pegajoso contra massa, enorme contra pequeno, e eu tentaria achar os opostos mais absurdos ou opostos extremos". 


Eva Hesse, judia alemã, escapou dos campos de concentração em 1939, quando fugiu com sua irmã para Amsterdã. Depois de dois meses em um orfanato, Hesse e sua irmã foram resgatadas pelos seus pais. Em 1946, Hesse perdeu sua mãe num suicídio, acontecimento que provocou uma grande angústia e uma depressão, temas que Hesse explorou continuamente em sua arte. 


No início dos anos 60, a artista, a partir da observação de materiais abandonados, passou a experimentar novos processos escultóricos com fios de tecidos, fios elétricos e painéis de madeira, ocupando uma particular participação de valor no desenvolvimento da arte internacional dos anos 60, na Alemanha.


Em 1969, Hesse descobriu um tumor no cérebro, passou por três cirurgias, antes que morresse em maio de 1970, com 34 anos. A obra de Eva Hesse era vista, naquele momento, sempre filtrada pelas circunstâncias trágicas de sua vida e de sua morte precoce. 

Durante a doença, Hesse desenvolveu uma parceria com seus assistentes, dessa forma, tornou-se possível dar continuidade a sua arte até o fim de seus dias.


sábado, 14 de abril de 2012

andré cadere: escultura nômade

André Cadere (1934-1978)

André Cadere nasceu na Polônia, cresceu na Romênia e, antes de sua morte prematura em Paris, foi uma presença nômade no mundo da arte. O artista considerava-se um marginal, não apenas por sua condição de imigrante, mas também por sua atitude crítica em relação ao sistema da arte. 


Ele passeava pelo mundo da arte munido de um cajado, constituído de anéis multicoloridos, que ele carregava ou simplesmente abandonava em diversos locais de exposição. Desse modo, o artista foi expulso de várias galerias e instituições.


O cajado de madeira funcionava como uma escultura nômade, um modo de inserção da escultura na vida cotidiana, ao contrário do seu congelamento nos pedestais em galerias e museus.


Cadere produziu cerca de 200 cajados de tamanhos e cores diferentes. Cada cajado era pintado de acordo com um rígido sistema de permutação de cores, que sempre comportava um erro.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

pop art: nua e crua

                 Em oposição ao estilo emocionalmente carregado do expressionismo abstrato, duas tendências, também opostas, emergem no cenário artístico contemporâneo: a pop art e o minimalismo.
            A pop art utiliza temas banais característicos dos grandes centros urbanos, lida com a cultura americana e opta por técnicas da cultura visual de massa. A pop art surge, primeiramente, na Inglaterra, em meados dos anos 1950. A tendência inglesa também é focada na cultura americana; a colagem “O que torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?”, do artista Richard Hamilton, de1956, é considerada a primeira manifestação da pop art.

 “O que torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?”- Richard Hamilton - 1956

            Segundo a crítica, a pop art inglesa, dos anos 1950, enfatiza a cultura americana de uma forma distanciada e reflexiva que contrasta com a abertura da versão americana. Entre os artistas ingleses desse período encontram-se, entre outros, Eduardo Paolozzi, Nigel Henderson e Peter Blake.
            Pouco mais tarde, surge outra leva de artistas pop ingleses, seguindo os passos da primeira geração, mas com um trabalho, talvez, mais vibrante. Entre esses artistas destaca-se David Hockney, com suas referências aos lugares (como Hollywood) e aos amores homossexuais.

“Two boys in a poll, Hollywood” - David Hockney - 1965

            Na pop art americana, há um grande número de artistas conhecidos, como Jasper Johns, Robert Rauschenberg, Andy Worhol, James Rosenquist, Roy Lichtenstein, Jim Dine, Tom Wesselmann etc. Um dos meus favoritos, no entanto, é Cleas Oldenburg. Ele desenvolve uma estranha relação com os materiais em seus happenings. Oldenburg cria modelos de itens de alimentação e vestuário feitos de musselina embebidos em gesso com estruturas de arame, pintados com esmalte, com um estilo de tinta derramada e pingada, seguindo a linha do expressionismo abstrato. Desse modo, o artista coloca problemas da pintura nos domínios da escultura. 

“The store” - Cleas Oldenburg - 1962

            Logo depois, Oldenburg expõe réplicas de um hamburger, uma fatia de bolo e um cone de sorvete feitos de vinil estofado e tecido. Agora, a cor é integrada ao material utilizado e não pintada como no trabalho anterior. Essas esculturas foram apelidadas de esculturas “limpas”.

"Giant hamburger" - Cleas Oldenburg - 1962

            Dessa vez, Oldenburg subverte a escultura tradicional ao trabalhar suas peças de dentro para fora e não de fora para dentro como é característico da técnica da cinzelagem.
            Os artistas pop americanos utilizam todo tipo de material em seus happenings, como rádios, telefones, fotografias etc., tudo para vivificar ainda mais a realidade americana. Essa forma de assemblage, começa a abrir espaço para a inserção do público na obra, o que leva, mais tarde, ao desenvolvimento do conceito de “instalação”.

“Bathtub” - Tom Wesselmann - 1963


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Theo Jansen: esculturas cinéticas

 "as fronteiras entre arte e engenharia existem apenas em sua mente".

O artista e engenheiro holandês, Theo Jansen, constrói desde de 1990 esculturas cinéticas de tirar o fôlego. As esculturas são, para Jansen, como novas formas de vida. Elegantemente articuladas, suas criaturas são programadas com algoritmos genéticos, que permitem com que elas aprendam novas maneiras de mover e conviver com os ambientes onde são instaladas.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

o percurso da linha na história da arte

patrícia ferreira - lápis de cor, acrílico e ponta porosa sobre canson

A linha é definida como uma marca com comprimento e direção, criada por um ponto que se move através de uma superfície, podendo variar em comprimento, espessura, direção e curvatura.

A linha circunscreve e delineia a forma, mas não é forma e, em geral, não é considerada como contendo uma cor. Para alguns pensadores, ainda hoje, a linha não pode subordinar a cor e, por essa razão, não pode ser considerada como pintura. Ela é associada a conceitos como razão, lógica, controle, precisão, bidimensionalidade e refinamento. A cor, por sua vez, é associada às ideias de sentimento, mobilidade, densidade, tridimensionalidade, opticalidade e qualidades tácteis. Nesses termos, a cor seria o veículo ideal e fundamental para a pintura.

A dificuldade em conceber a linha como cor (pintura) provém de uma antiga dicotomia, entre o linear e o pictórico, estabelecida formalmente em 1915, por Woelfflin, em Principles of Art History. No entanto, desde o final do Século XV essa discussão já se processava.

Ticiano e Botticelli são fortes representantes dessa polaridade. A pintura de Ticiano deve muito à escultura que, inicialmente, ensinou aos artistas como modelar e sombrear para dar uma ilusão de relevo, e, também, os ensinou como compor essa ilusão numa ilusão complementar de espaço em profundidade (perspectiva). A pintura no ocidente, durante muitos séculos, lutou para ser uma pintura escultural, para salvar-se da bidimensionalidade, sempre relacionada ao uso da linha.

Nas obras de Ticiano, vemos o que está em seu quadro antes mesmo de vermos o quadro como pintura. Para os defensores da pintura pictórica escultural, os limites lineares das obras de Botticelli são uma espécie de fuga do realismo. Em Botticelli, temos a noção da bidimensionalidade da pintura antes, e não depois de nos tornarmos conscientes do que essa bidimensionalidade contém. Ao chamar atenção para a própria pintura e não para o que está contido nela, a obra de Botticelli ganha uma dimensão auto-referencial que se tornaria, muito tempo depois, uma das principais características da pintura moderna.

No século XIX, Jean-August-Dominique Ingres, apesar de ser filho de um escultor ornamentista, opôs-se radicalmente ao triunfo da pintura pictórica, representada, na época, por Delacroix. Ingres realizou pinturas que se colocavam entre as mais bidimensionais e menos esculturais já feitas no Ocidente por um artista sofisticado, desde o século XV. Desse modo, a partir de meados do século XIX, todas as tendências ambiciosas da pintura convergiam numa direção antiescultural, plana e linear. Ao chamar a atenção para sua própria bidimensionalidade, para o fato de ser uma superfície plana, a pintura se tornou mais consciente de si mesma.

Matisse foi o primeiro artista a liberar a linha para operar com a cor tanto quanto com o puro desenho. As linhas em seu quadro La Joie de Vivre, por exemplo, estruturam toda a composição, independentemente das figuras que se definem. As cores, nesta obra, são planas e completamente subordinadas às linhas.

A tridimensionalidade é domínio da escultura e, para garantir sua própria autonomia, a pintura vem tentando despojar-se de tudo que poderia ter em comum com a escultura. Desse modo, a linha se tornou um importante elemento expressivo para a pintura moderna. E é nesse curso que a pintura moderna se tornou autoreferencial e autocrítica.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

dennis oppenheim: transfer drawing


Dennis Oppenheim (1938-2011) foi um importante artista conceitual norte-americano que, além de participar da earth art e da body art, trabalhou com desenho, escultura, objeto, instalação, performance, fotografia e vídeo.




Nos anos 1970, Oppenheim desenvolveu a prática do “transfer drawing”, em que utilizava seu próprio corpo, e o corpo de seu filho, como suporte para a representação ou como documento da ação das formas naturais. Essas ações efêmeras eram registradas em fotografias e vídeos.


domingo, 1 de abril de 2012

computer poetry

"dentro do momento": patrícia ferreira, wilton cardoso, frederico martins - di(per)versões eletrônicas

A mídia digital se refere tipicamente ao hardware e aos softwares usados para construir e controlar a escrita, os sons e as imagens no computador. Essa é uma forma de comunicação via tecnologia de computação. Por mais de cinquenta anos, vários pesquisadores tem utilizado o computador para gerar e apresentar novas formas de poesia.

As primeiras tentativas de se criar poesia com o auxílio do computador começam em 1959 com Theo Lutz. Ele criou o primeiro exemplo de Computer Poetry, poema por computador, na Alemanha. Seu texto Stochastische foi feito através de um programa de geração de texto, num computador Zuse Z22. Max Bense, teórico alemão que publicou um dos primeiros artigos sobre poesia gerada por computador, foi professor de Lutz. Bense sugeriu o uso de um gerador de números randômico para criar textos em que as palavras são determinadas aleatoriamente. A ideia era aplicar ferramentas matemáticas e cálculo para trabalhar com a linguagem. Lutz criou uma base de dados com 16 palavras e 16 frases retiradas do conto “O Castelo”, de Kafka. Cada um desses elementos foi numerado, assim, o programa de Lutz gerou randomicamente uma seqüência de números e conectou palavras e frases usando constantes lógicas para criar a sintaxe. O método de Lutz pode teoricamente gerar cerca de 4 milhões de versos.

A exploração na área de randomização de texto continuou no início dos anos 60, na Europa e nos Estados Unidos. Alguns dos poemas produzidos nessa época foram chamados de Auto-Beatnik. Neles, o interessante é que o programa gerador de poesia é capaz de simular uma corrente de influência Beatnik. Os poemas Auto-Beat não revelam sensibilidade, mas refletem (simulam) um fluxo de consciência presente em muitos poemas Beat.

No final dos anos 1960, os esforços voltaram-se, também, para a produção de poesia digital gráfica. Um exemplo desse tipo de trabalho é o programa escrito por Marc Adrian (Áustria) que foi apresentado na exposição Cybernetic Serendipity. Neste poema, o computador monta palavras usando 1.100 símbolos (palavras, letras ou grupos de palavras) colocando 20 palavras por vez na tela do computador. Os elementos gráficos, neologismos e palavras sobrepostas, criados pelo programa de Adrian, não eram novidades na poesia, o Futurismo, o Dadaísmo e a Poesia Concreta já faziam isso sem o auxílio do computador. Mesmo assim, o experimento de Adrian é considerado interessante em termos de usar o computador para descentrar linguagem e significado, desafiando o leitor a construir um entendimento do texto que eles ajudaram a criar.

A partir daí, surgiram as primeiras ferramentas sofisticadas para a criação de poemas gráficos no computador. Baseada na mídia visual, que começou a se desenvolver nos anos 1960 e 1970, surgiu a vídeopoesia. Ernesto Manuel de Melo e Castro (Roda Lume, 1968) e Richard Kostelanetz (Three Prose Pieces, 1975) foram os primeiros a produzir vídeopoemas, seguindo um caminho que foi continuado por muitos outros poetas e pesquisadores, particularmente na era da World Wide Web. Os experimentos de Melo e Castro e Kostelanetz, usando texto em videoteipe, representam outro passo na produção da vídeopoesia. Este uso da tecnologia iniciou um período de trabalhos visuais cinéticos que continuam até hoje.

Quando o hyperlink materializou-se, nos anos 1980, a poesia digital se expandiu de todas as formas. No Brasil, Arnaldo Antunes, Julio Plaza e Ricardo Araújo desenvolvem trabalhos dessa natureza. Esses poetas continuam expandindo as possibilidades de gerar poesia com o auxílio do computador incluindo som, imagens e animações aos poemas.


Atualmente, independente do conhecimento técnico das ferramentas computacionais, a tela do computador e o teclado tornaram-se pontos de partida para a experiência de leitura, produção, apreciação e divulgação de poesia.