Hamish Fulton - "a walking artist"
A ideologia da racionalização do trabalho submeteu o tempo
vivido à lei da produtividade. Depois de Henry Ford, andar a pé, atividade
lenta e não remunerada, torna-se quase que
fora da lei. Em sentido contrário ao da sociedade “progressista”, a deambulação (flânerie) baudelairiana, os diários de rota conceituais e as perambulações da land arte, entre outros gestos, elevam o andar a pé ao status de arte plena.
fora da lei. Em sentido contrário ao da sociedade “progressista”, a deambulação (flânerie) baudelairiana, os diários de rota conceituais e as perambulações da land arte, entre outros gestos, elevam o andar a pé ao status de arte plena.
Hamish Fulton, por exemplo, após uma caminhada de 1.022
milhas, fez do andar a pé o único objeto de sua arte. Segundo o artista, sua
arte é resultado de suas caminhadas individuais. Embora o artista seja o único
a experimentar diretamente essa forma de arte, imagens, objetos recolhidos,
fotografias e textos permitem que o público se relacione às experiências do
artista.
Em 1967, por sua vez, o artista inglês, Richard Long,
caminha em linha reta, indo e voltando, sobre um campo gramado até deixar sua
marca. A linha foi fotografada em preto e branco e tornou-se um marco na arte
contemporânea, equilibrando-se nos limites entre a performance (ação) e a
escultura (objeto).
O artista luso-brasileiro, Arthur Barrio, realiza uma
experiência não programada, segundo ele, tendo apenas o cérebro como motor.
Trata-se de “4 dias e 4 noites”, obra em que Barrio pretendia levar o corpo a
um nível máximo de exaustão que desembocasse, ainda, num patamar máximo de
criação.
Barrio perambulava pelas ruas do Rio de Janeiro de modo a
fazer suas percepções, apreendidas ao longo de suas experiências, condicionarem
sua mente para o trabalho criativo, e o corpo para sua atuação como máquina que
executa. Além do corpo e do cérebro, suporte de fundamentação do trabalho, o
artista levava apenas um caderno-livro para anotar suas idéias e experiências.
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