Bicho
flor - Lygia Clark - 1960-1963
A
fenomenologia da percepção, de Merleau-Ponty, difundiu-se entre as propostas
artísticas que convidam o observador a participar da obra. Nesse sentido, para
o neoconcretismo brasileiro, a arte era para ser experimentada, vivida. A obra
de arte neoconcreta deve ser vista em seu contexto de relações vividas. Nela. o
espaço não é um dado instrumental, mas um conjunto de vivências experimentado,
construído em relação ao tempo.
O
neoconcretismo, lançado no Rio de Janeiro em 1959, surge de experiências
isoladas de artistas que, até então, seguiam propostas gerais da arte concreta.
Esses artistas passam a considerar a percepção como uma forma de pensamento com
o corpo e não apenas com a visão. A obra neoconcreta realiza-se diretamente no
espaço, seguindo a teoria do não-objeto, de Gullar, a revelação da forma
neoconcreta ocorre independente de qualquer suporte, para que se esgote em si
mesma.
Lygia
Clark propunha, desde 1957, que a obra de arte deveria exigir uma participação
imediata do espectador. O quadro, ou estrutura modular, de Lygia Clark, perde a
moldura, deixa de ser apoio para a representação e se torna “forma-signo” cujo
fundo é o espaço real, o mundo.
O
dentro e o fora - Lygia Clark - 1963
Suas
estruturas modulares abrem caminho para seus não-objetos móveis, ou bichos,
articulados com dobradiças. Com eles, pressupõem-se o nascimento e a elaboração
sucessiva do espaço e da forma, revelando a experiência motora do observador.
Para
Clark, a contemplação não é coisa exterior ao homem, mas um produto do esforço,
da ação e da vontade de conhecimento.
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