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terça-feira, 13 de março de 2012

o espaço neoconcreto: estruturas modulares e outros bichos

Bicho flor - Lygia Clark - 1960-1963

            A fenomenologia da percepção, de Merleau-Ponty, difundiu-se entre as propostas artísticas que convidam o observador a participar da obra. Nesse sentido, para o neoconcretismo brasileiro, a arte era para ser experimentada, vivida. A obra de arte neoconcreta deve ser vista em seu contexto de relações vividas. Nela. o espaço não é um dado instrumental, mas um conjunto de vivências experimentado, construído em relação ao tempo.
            O neoconcretismo, lançado no Rio de Janeiro em 1959, surge de experiências isoladas de artistas que, até então, seguiam propostas gerais da arte concreta. Esses artistas passam a considerar a percepção como uma forma de pensamento com o corpo e não apenas com a visão. A obra neoconcreta realiza-se diretamente no espaço, seguindo a teoria do não-objeto, de Gullar, a revelação da forma neoconcreta ocorre independente de qualquer suporte, para que se esgote em si mesma.
            Lygia Clark propunha, desde 1957, que a obra de arte deveria exigir uma participação imediata do espectador. O quadro, ou estrutura modular, de Lygia Clark, perde a moldura, deixa de ser apoio para a representação e se torna “forma-signo” cujo fundo é o espaço real, o mundo.

O dentro e o fora - Lygia Clark - 1963

            Suas estruturas modulares abrem caminho para seus não-objetos móveis, ou bichos, articulados com dobradiças. Com eles, pressupõem-se o nascimento e a elaboração sucessiva do espaço e da forma, revelando a experiência motora do observador.
            Para Clark, a contemplação não é coisa exterior ao homem, mas um produto do esforço, da ação e da vontade de conhecimento.

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