Total de visualizações de página

quarta-feira, 7 de março de 2012

A importância de ser Merz

MERZBAU
Kurt Schwitters (1887-1948)

            Depois dos primeiros ready-mades de Marcel Duchamp — quando a pintura começa a avançar para a terceira dimensão e a escultura a perder qualquer distinção em relação aos objetos do cotidiano —, e antes da instalação da Pop Art, surge a obra do artista alemão Kurt Schwitters. Ele morreu na pobreza e na obscuridade e grande parte de seu trabalho foi perdido. Só recentemente, com o resgate do sentido de sua obra, foi possível reconhecer a enorme influência de Schwitters sobre a arte do século XX e XXI.
            Schwitters era um “artista total” que se enveredou pela poesia, prosa, teatro, crítica, pintura, publicidade, música, cinema, artes plásticas e arquitetura. Foi criador das primeiras instalações muito antes da consolidação deste termo nos anos 1980. Ele ficou conhecido por utilizar a colagem dadaísta de uma forma bastante particular. Embora próximo ao movimento dadaísta, Schwitters nunca foi oficialmente aceito pelo grupo, por não considerarem seu trabalho suficientemente rebelde.
            Sua forma de fazer arte era tão particular que ele a diferenciou do dadaísmo, criando a denominação Merz, com a significação pessoal de “obra de arte total”. A palavra não tem nenhum sentido, apenas foi retirada ao acaso de uma das colagens de Schwitters. O artista nomeou todos os seus projetos artísticos subsequente, de todas as linguagens, com variações da palavra Merz, como Merzbau. Certamente, a Merzbau, uma obra sem fim, sem plano, que recebia elementos novos a cada dia, é sua mais importante contribuição para a arte.
            Em 1923, Schwitters começou a converter os cômodos de sua casa em Hanover, na Alemanha, numa obra de arte arquitetônica. A obra foi crescendo e ganhando uma feição 3D cubista. A Merzbau era uma espécie de antítese do design utilitário da Bauhaus. Em 1937, Schwitters é obrigado a fugir da Alemanha e em 1943 toda sua casa foi destruída. Somente algumas imagens da Merzbau original sobrevivem. Felizmente, Schwitters teve a chance de construir instalações similares em países como Noruega e Inglaterra.
            Kurt Schwitters queria “superar o fosso que separa o tempo da vida do tempo da arte”. Ele aproveitava materiais de todas as espécies para construir a obra Merz. Seu objetivo era criar relações entre todas as coisas e o mundo, com a pretensão de unir arte e não-arte na imagem total Merz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário