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sábado, 10 de março de 2012

escultura, assemblage, ambiente, site, non-site, site-specific, instalação

Duchamp, instalação"16 milhas de fios" (1942)

            As três dimensões sempre foram assunto da escultura. Mesmo no início do século XX o espaço que envolve o corpo do observador não era considerado como parte da obra. Alguns artistas, como Kurt Schwitters, Tatlin, Duchamp e Man Ray, produziram obras tridimensionais que estabeleciam relações com o espaço no qual se colocavam, mas, na época, o termo para catalogação dessa prática era escultura.
            Somente em torno dos anos 1960, a arte passa a explorar a consciência do sentimento de estar dentro da obra. Difundiram-se, assim, propostas artísticas que convidavam o observador a participar da obra. Essas obras foram classificadas dentro de contextos teóricos que procuravam agrupá-las por suas semelhanças estéticas, conceituais e atitudinais: arte conceitual, arte povera, arte processual, land art, body art, novo realismo e minimalismo.
            Houve, nesse momento, um afrouxamento das categorias e um desmantelamento das fronteiras interdisciplinares. Diversas propostas artísticas classificadas dentro dos movimentos citados dão conta dessa percepção que não é apenas retiniana, é corporal.
            As ações que os artistas realizavam com o espaço receberam nomeações diferentes, entre elas: ambiente e assemblage. O termo ambiente foi estabelecido em meados dos anos 1970 e, juntamente com o termo assemblage, descrevia trabalhos nos quais os artistas juntavam diferentes materiais. O termo instalação se referia, naquele momento, apenas a como a exposição havia sido sustentada.
            A diferença entre assemblage e instalação se deve apenas a suas dimensões. Na assemblage, andamos ao redor de algo, e, no ambiente, penetramos e nos movemos dentro de algo. De um modo geral, não há nenhuma precisão sobre o modo como tais termos foram substituídos por instalação. O que sabemos é que o termo instalação vem gradualmente sendo usado para descrever um tipo de proposta artística que rejeita a concentração em um objeto em favor de uma consideração das relações entre um número de elementos ou na interação de coisas e seus contextos.
            A prática da instalação constitui um verdadeiro território de pesquisa que estabelece relações entre as artes plásticas, a arquitetura e as ciências humanas. Essas relações entre diferentes campos de conhecimento são um reflexo da mudança de pensamento. O isolamento do conhecimento por disciplinas não consegue mais dar conta da complexidade da vida contemporânea.
            Na tentativa de definir a ampliação do conceito de escultura, Robert Smithson utiliza os termos site e non-site, que estabelecem ligações e extensões entre o lugar no qual a obra se situa e os elementos (fotografias, mapas, pedras, terra etc.) que, deslocados dos locais físicos, desdobram e completam a obra. A obra é tanto a intervenção na paisagem (site), como os elementos: fotos, vídeos, detritos etc. (non-site).
            Robert Irwin utiliza o termo site-specific em referência às relações de dependência entre a escultura e o local onde ela é construída. O termo síte faz menção a obras criadas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se, em geral, de trabalhos planejados, muitas vezes fruto de convites, em local certo, em que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é elaborada.
            A instalação é construída a partir de relações e não de um objeto. Ela implica o lugar e os demais elementos que a compõem e acontece no tempo. Uma instalação bem sucedida controla o espaço e responde as suas peculiaridades. Para o senso comum, instalação é uma prática artística penetrável, mas existem instalações nas quais é impossível entrar. O termo se consolidou nos anos 1980 e serve para aglutinar e incluir as mais diversas propostas artísticas.

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